Deus sempre fala com a gente, mas, muitas vezes, Ele diz o que precisamos ouvir, não o que queremos.
Anos atrás, vivi uma situação terrível, dolorosa e triste: o acidente que mencionei no livro “Sua Ausência”. Naquela época, eu questionava a Deus constantemente. “Por que certas pessoas envolvidas não sofreram nada? Por que nada lhes aconteceu?” Meu coração estava cheio de mágoa e, confesso, até de planos de vingança.
Certo dia, enquanto estudava o livro de Ezequiel, capítulo 17 (se não me engano), Deus respondeu à minha pergunta. Ali, Ele diz: “Por acaso, não posso salvar um injusto que se arrepende e dar a ele vida?”
Eu fiquei sem palavras. Foi como se o próprio Deus me confrontasse. Entendi, naquele momento, o quanto estava errada em querer me colocar no lugar Dele, julgando, querendo vingança. Pedi perdão por todas as vezes em que falei ou pensei em vingança. Quem eu era para isso?
Não sei se aquela pessoa que me feriu se arrependeu, pediu perdão ou mesmo se encontrou a Deus. Mas entendi algo muito maior: o mesmo Deus de misericórdia que me perdoou por tudo o que fiz antes de conhecê-Lo também é capaz de perdoar aqueles que me fizeram mal.
A colheita de cada um – minha, sua ou de qualquer pessoa – é inevitável, seja alguém que conheça a Cristo ou não. A diferença é que, ao lado Dele, até as colheitas ruins se tornam suportáveis.
O mesmo Deus que te perdoou e escreveu seu nome no Livro da Vida está pronto para fazer o mesmo por aqueles que te magoaram. Porque, no final das contas, o mesmo sol que aquece o justo também aquece o injusto. A mesma chuva cai sobre a minha casa e a sua. O mesmo Jesus que se entregou por mim se entregou por você – e por aquela pessoa que você preferia esquecer.
O Espírito Santo que habita no meu coração e no seu também pode habitar no coração de quem nos feriu. Não porque essas pessoas mereçam, não porque são boas ou fazem muitas orações, mas por causa das infinitas misericórdias de Deus. Tudo isso acontece para que o nome Dele seja glorificado.
Mas no fim, a graça só nos alcança se nós quisermos.
C. M. de Lima
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