Uma Prosa Sobre Nudez

 Eu estive pensando no que o querido poeta Vitor Fernandes escreveu sobre como demonstrar o que sentimos é para quem tem coragem, e isso é raro, porque, no fundo, demonstrar é como ficar nu — especialmente nos dias de hoje.

Isso me fez lembrar de Adão e Eva no Éden, de como eles andavam nus pelo jardim, sem medo ou vergonha, simplesmente estavam, simplesmente confiavam, e conversavam com Deus nus.

Mas aí o pecado entrou, e eles passaram a sentir vergonha de estar nus diante de Deus. Eles tiveram necessidade de se cobrir para falar com Ele, deixaram de confiar e passaram a se envergonhar de quem eram, de como estavam, vergonha de se expor nus.

E isso não parece muito com a gente? Não sei vocês, mas já fui atormentada com essa ideia: "Você não tem vergonha de falar com Deus assim?" ou "Você realmente acha que Ele vai te ouvir?" Quantas vezes já cometi a tolice de sentir vergonha da minha nudez diante de Deus? Quantas vezes não quis expor minha nudez a Cristo?

Então podemos chegar à conclusão de que, quando Adão e Eva se envergonharam de sua nudez no Éden, não era apenas a nudez do corpo, mas a da mente. Eles falharam, o diabo já havia entrado em seus corações, e com ele vieram os horríveis pensamentos que ele nos provoca, além de todas as coisas que nossa falha mente humana nos diz.

Mas, meus chuchuzinhos, Adão e Eva ainda não tinham a graça que nós temos hoje, dada por Jesus Cristo. E, diferente deles, quando erramos e nos arrependemos, não precisamos nos esconder. Podemos nos arrepender de todo o coração, pedir perdão e saber que Ele está pronto para nos perdoar.

Arrepender-se de todo o coração não é fácil, e, dependendo do pecado, podemos sentir até uma pontinha de vergonha, mas essa pontinha deve ficar no canto dela. Ela não deve nos impedir de conversar com o Pai, de expressar como nos sentimos, de nos arrepender e pedir perdão, e, principalmente, pedir sabedoria para não cair no mesmo erro novamente.

Porque a única coisa que devemos ter de estimação é o amor do Pai, e não essas mentiras do inferno.

C. M. de Lima



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