Eu Realmente Me Odiava

 Eu realmente me odiava. Até cuidava de uma coisa aqui e ali quanto à minha aparência, mas não pelo prazer de pensar “mereço cuidados também”, e sim pelo fato de que queria me sentir mais aceita, mais incluída nos rolês.

Eu realmente não gostava do que via no reflexo do espelho. Mesmo que fizesse várias caretas e até risse, continuava sem amar nem um pouco.

Eu realmente me odiava, porque estava com meus olhos, minha mente, meu coração travados na ideia de que “existem mulheres mais bonitas”, “eu não sou tão magra”, “eu não sei ter estilo”.

Eu realmente me odiava e entrava em várias modas para me sentir mais aceita, como a moda das calças coloridas, a moda do cabelo colorido, das unhas longas ou curtas. Diversas modas que, nos dias de hoje, já nem dou tanta bola, já nem faço tanta questão de seguir.

Eu realmente me odiava. Tinha horas em que as coisas ficavam pesadas: eu agredia meu corpo ou era surrada por vários pensamentos ruins, que me diziam que eu não era o suficiente, que precisava ser mais.

Ser mais alta, mais magra, mais sexy.

Foram muitas e muitas fotos conceituais, nas quais exibia meu corpo de uma forma que não faço e nem farei mais hoje em dia. Foram muitos e muitos elogios naquelas fotos, porque gostavam do que viam: uma alma totalmente perdida, que buscava ser aceita através do sexo!

Mas, com o tempo, entendi algo: nada vale exibir meu corpo por aí, como dizem, “me prostituir” para ganhar likes, para ser aceita, para ouvir alguém dizer “você é linda”.

Porque não havia verdade. Não havia verdade nos elogios e nem no que fazia, porque era uma ação totalmente vazia. Uma garota que, desde pequena, aprendeu a odiar o corpo, buscando, através da sensualidade, aceitar e amar o corpo.

Não serei hipócrita, nem mentirosa ou ocultarei qualquer coisa, porque todo esse vazio acabou rendendo algo: eu aprendi a amar meu físico. O mesmo físico que detestei por tanto tempo, que me deu inúmeras dores de cabeça com o passar dos anos.

Eu amava meu físico, minha estética. Cuidar da pele, das unhas e não manter uma vida sedentária já não era mais algo como “vou fazer porque senão ninguém me aceita”, mas sim como “vou fazer porque mereço esse cuidado”.

Eu aprendi a amar meu físico, minhas pintas, minhas cicatrizes, mas não amava nenhum pouco minha mente, meu coração enganoso. E eu não entendia muito bem o porquê.

Meu coração só sabia daquilo que já tínhamos ouvido outros dizerem: “sua mente o afastou de você”, “você é muito difícil de lidar”, “ninguém tem paciência para aturar isso”.

E assim, eu me perdia nessas frases. Acreditava não merecer ser amada. Acreditava que todos, em algum momento, iriam se cansar e ir embora. Acreditava que meu corpo era lindo, mas que o que estragava tudo era minha mente.

E, com o passar do tempo, com a maldita depressão em minha vida, eu facilmente podia ter dado ouvidos ao meu coração e continuado acreditando em tudo o que ele dizia. Talvez até tivesse voltado a odiar meu físico.

Mas Ele chegou primeiro, e foi de mansinho que mudou totalmente essas coisas todas.

Ele chegava aos meus ouvidos e sussurrava que eu era linda. Nas vezes em que meu coração começava com histórias de não ser boa o suficiente, Ele vinha e dizia que, para Ele, eu era mais que suficiente e que o que fosse problema a gente resolveria juntos.

Certa vez, eu estava aterrorizada, assustada e chorosa. Ele chegou do meu lado e disse que não precisava sentir medo, porque Ele estava ali, e, sendo assim, ninguém poderia me fazer mal.

Ele me ensinou a me amar de uma forma ainda mais bonita, sem precisar usar de sensualidade, sem precisar fazer dietas malucas ou tomar vários remédios.

Ele mostrou que há, sim, vários defeitos em minha mente, assim como no meu corpo. Mas, da mesma forma que Ele me ajuda com os defeitos do corpo, estava disposto a me ajudar a resolver os defeitos da mente.

Eu passei da infância à adolescência e início da fase adulta me odiando. Apesar de me chamarem de linda, apesar daqueles guris que davam em cima de mim, eu não sabia ver beleza em meu corpo.

Dando ouvidos a pensamentos errados, aprendi a amar meu físico, mas não da forma certa, não só porque queria me amar mais.

Eu aprendi a amar todo o meu físico, todas as pintas, estrias, celulites, mas ainda odiava meu coração e todas as coisas que ele sentia e me fazia pensar.

No meio disso tudo, todo o caos que estava em minha vida e no meu coração, um tal de Jesus me conheceu, me tocou de uma forma que nunca havia experimentado antes.

Ele mostrou que minhas falhas têm solução e que estava disposto a me ajudar com elas.

Eu realmente me odiava, sem nenhuma dó, mas, depois que conheci Jesus, eu realmente me amo com toda a compaixão do mundo, porque sou a menina dos olhos de Deus, a noiva que Cristo vem encontrar!


C. M. de Lima

(foto autoral)



Comentários